Todos os átomos neutros, exceto o hidrogênio, têm mais de um elétron e são conhecidos como átomos polieletrônicos. Esta seção se baseia na descrição do átomo de hidrogênio para explicar como a presença de mais de um elétron afeta as energias dos orbitais atômicos e o modo como eles são ocupados. As estruturas eletrônicas resultantes são a chave das propriedades periódicas dos elementos e da capacidade dos átomos de formar ligações químicas. Este material, portanto, embasa quase todos os aspectos da química.

A energia dos orbitais

No átomo de hidrogênio, com um elétron, não ocorre repulsão elétron-elétron e todos os orbitais de uma determinada camada são degenerados (têm a mesma energia). Por exemplo, o orbital 2s2s e os três orbitais 2p2p têm a mesma energia. No entanto, cálculos e experimentos em espectroscopia com átomos polieletrônicos mostraram que as repulsões elétron-elétron tornam a energia dos orbitais 2p mais alta do que a de um orbital 2s2s. O mesmo ocorre na camada n 53, em que os três orbitais 3p ficam acima do orbital 3s3s e os cinco orbitais 3d ficam ainda mais altos. Como explicar essas diferenças de energia?

Assim como é atraído pelo núcleo, cada elétron de um átomo de muitos elétrons é repelido pelos demais elétrons. Como resultado, ele está menos fortemente ligado ao núcleo do que estaria na ausência dos outros elétrons. Cada elétron é blindado pelos demais contra a atração total do núcleo. A blindagem reduz efetivamente a atração entre o núcleo e os elétrons. A carga nuclear efetiva, ZefZ_\mathrm{ef}, sentida pelo elétron, é sempre menor do que a carga nuclear real, ZeZe, porque as repulsões elétron-elétron trabalham contra a atração do núcleo. Uma aproximação grosseira da energia de um elétron em um átomo polieletrônico é uma versão da Equação 2b, em que a carga nuclear verdadeira é substituído pelo carga nuclear efetiva: En=Zef2hcRn2n=1,2,(3) E_n = -\dfrac{ Z_\mathrm{ef}^2 hc\mathcal{R} }{ n^2 } \quad n = 1, 2, \ldots \tag{3} Observe que os demais elétrons não bloqueiam a influência do núcleo. Eles criam simplesmente um interação repulsiva coulombiana adicional que corrige parcialmente a atração do núcleo sobre os elétrons. A atração do núcleo sobre os elétrons no átomo de hélio, por exemplo, é menor do que aquela que a carga +2e+2e deveria exercer, mas é maior do que a carga +e+e que seria esperada se cada elétron balanceasse exatamente uma carga positiva.

Um elétron ss de qualquer das camadas pode ser encontrado em uma região muito próxima do núcleo (lembre-se de que ϕ2\phi^2, para um orbital ss, é diferente de zero no núcleo), e dizemos que ele penetra as camadas internas. Um elétron pp penetra muito menos, porque o momento angular do orbital impede a aproximação entre o elétron e o núcleo (Figura 1). Vimos que sua função de onda se anula no núcleo; logo, a densidade de probabilidade do elétron no núcleo é zero para um elétron pp. Como o elétron pp penetra menos que um elétron ss as camadas internas do átomo, ele está mais efetivamente blindado em relação ao núcleo e, por isso, experimenta uma carga efetiva menor do que a de um elétron ss. Em outras palavras, um elétron s está mais firmemente ligado ao núcleo do que um elétron pp e tem energia ligeiramente menor (mais negativa). Um elétron dd está menos firmemente ligado ao núcleo do que um elétron pp da mesma camada, porque o momento angular orbital é maior e o elétron é menos capaz ainda de se aproximar do núcleo. Isso significa que os elétrons d têm energia mais alta do que os elétrons p da mesma camada, que, por sua vez, têm energia mais alta do que os elétrons ss daquela camada.

Os efeitos da penetração e da blindagem podem ser grandes. Um elétron 4s\mathrm{4s} costuma ter energia muito mais baixa do que um elétron 4p\mathrm{4p} ou 4d\mathrm{4d}. Ele pode até ter energia inferior à de um elétron 3d\mathrm{3d} do mesmo átomo. A ordem precisa da energia dos orbitais depende do número de elétrons no átomo, como será explicado a seguir.

Por causa dos efeitos da penetração e da blindagem, a ordem das energias dos orbitais em uma dada camada em um átomo polieletrônico é s<p<d<f\mathrm{s} < \mathrm{p} < \mathrm{d} < \mathrm{f}.

O princípio da construção

A estrutura eletrônica de um átomo determina suas propriedades químicas e, por isso, é preciso ser capaz de descrever essa estrutura. Para isso, você escreve a configuração eletrônica do átomo — uma lista de todos os orbitais ocupados, com o número de elétrons que cada um contém. No estado fundamental de um átomo com muitos elétrons, os elétrons ocupam os orbitais atômicos disponíveis, de modo a tornar a energia total do átomo a menor possível. À primeira vista, poderíamos esperar que um átomo tivesse a menor energia quando todos os seus elétrons estivessem no orbital de menor energia (o orbital 1s). Porém, exceto para o hidrogênio e o hélio, que só têm dois elétrons, isso não pode acontecer. Em 1925, o cientista austríaco Wolfgang Pauli descobriu uma regra fundamental sobre os elétrons e orbitais, conhecida hoje como princípio da exclusão de Pauli:

  • Dois elétrons, no máximo, podem ocupar um dado orbital. Quando dois elétrons ocupam um orbital, seus spins devem estar emparelhados.

Diz-se que os spins de dois elétrons estão emparelhados se um é \uparrow e o outro, \downarrow. Os spins emparelhados são representados como \uparrow\downarrow, e os elétrons com spins emparelhados têm números quânticos magnéticos de spin de sinais opostos. Como um orbital atômico é determinado por três números quânticos (nn, ll e mlm_l) e os dois estados de spin são especificados por um quarto número quântico, msm_s, outra forma de expressar o princípio da exclusão de Pauli é:

  • Dois elétrons em um átomo nunca podem ter o mesmo conjunto de quatro números quânticos.

O átomo de hidrogênio tem, no estado fundamental, um elétron no orbital 1s\mathrm{1s}. Essa estrutura é representada por uma seta no orbital 1s\mathrm{1s} de um diagrama de caixas, que mostra cada orbital como uma caixa que pode conter, no máximo, dois elétrons: H:  1s1 \ce{H}: \; \underset{ \mathrm{1s^1} }{ \boxed{ \uparrow \hspace{5pt} } } Sua configuração eletrônica, isto é, uma lista dos orbitais ocupados, é representada por 1s1\mathrm{1s^1} (“um ss um”). No estado fundamental do átomo de hélio (Z=2Z = 2), os dois elétrons estão em um orbital 1s\mathrm{1s}, que é descrito como 1s2\mathrm{1s^2} (“um s\ce{s} dois”): He:  1s2 \ce{He}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } Como se pode ver, os dois elétrons estão emparelhados. Nessa situação, o orbital 1s1s e a camada n=1n = 1 estão completamente ocupados. O átomo de hélio no estado fundamental tem a camada fechada, isto é, uma camada em que o número de elétrons é o máximo permitido pelo princípio da exclusão.

Nota de boa prática

Quando um único elétron ocupa um orbital, escrevemos, por exemplo, 1s1\mathrm{1s^1} e não 1s\mathrm{1s}, de forma abreviada.

O lítio (Z=3Z = 3) tem três elétrons. Dois elétrons ocupam o orbital 1s\mathrm{1s} e completam a camada n=1n = 1. O terceiro elétron deve ocupar o próximo orbital de mais baixa energia disponível, o orbital 2s\mathrm{2s}. Logo, o estado fundamental de um átomo de lítio é Li:1s22s1\ce{Li}: \mathrm{1s^2 2s^1}: Li:  1s2    2s1     \ce{Li}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^1} }{ \boxed{ \uparrow \hspace{5pt} } } \;\; Imagine que a estrutura eletrônica deste átomo é formada pelo caroço, parte central que contém os elétrons de orbitais totalmente preenchidos, circundado pelos elétrons de valência (os da camada mais externa). No lítio, o caroço é formado por uma camada fechada semelhante ao caroço 1s2\mathrm{1s^2} do átomo de hélio, representado por [He]\ce{[He]}. Este caroço é rodeado por uma camada externa que contém um elétron 2s\mathrm{2s}, de energia mais alta. Assim, a configuração do lítio é [He]2s1\ce{[He]}\,\mathrm{2s^1}. Em geral, somente os elétrons de valência podem se envolver em reações químicas porque os elétrons do caroço estão nos orbitais internos de menor energia e, portanto, estão muito fortemente ligados. Isso significa que o lítio perde somente um elétron ao formar compostos, isto é, ele forma normalmente íons LiX+\ce{Li^+}, e não íons LiX2+\ce{Li^{2+}} ou LiX3+\ce{Li^{3+}}.

O elemento com Z=4Z = 4 é o berílio, Be\ce{Be}, com quatro elétrons. Os primeiros três elétrons tomam a configuração 1s22s1\mathrm{1s^2 2s^1}, como o lítio. O quarto elétron emparelha-se com o elétron 2s\mathrm{2s}, para dar a configuração 1s22s2\mathrm{1s^2 2s^2}, ou, mais simplesmente, [He]2s2\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2}: Be:  1s2    2s2     \ce{Be}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; Um átomo de Be\ce{Be} tem, então, um caroço semelhante ao do hélio, rodeado por uma camada de valência com dois elétrons emparelhados. Como o lítio — e pela mesma razão —, um átomo de Be\ce{Be} só pode perder seus elétrons de valência em reações químicas. Assim, ele perde ambos os elétrons 2s\mathrm{2s} para formar o íon BeX2+\ce{Be^{2+}}.

O boro (Z=5Z = 5) tem cinco elétrons. Dois ocupam o orbital 1s1s e completam a camada n=1n = 1. Dois ocupam o orbital 2s2s. O quinto elétron ocupa um orbital da próxima subcamada disponível, que é um orbital 2p2p. Este arranjo de elétrons corresponde à configuração 1s22s22p1\mathrm{1s^2 2s^2 2p^1} ou [He]2s22p1\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2 2p^1}: Be:  1s2    2s2    2p1 \ce{Be}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2p^1} }{ \boxed{ \uparrow \hspace{5pt} }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \phantom{\uparrow \downarrow} }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \phantom{\uparrow \downarrow} } } que mostra que o boro tem três elétrons de valência em torno de um caroço semelhante ao do hélio.

Temos de tomar outra decisão no caso do carbono (Z=6Z = 6): o sexto elétron pode ficar junto ao anterior no orbital 2p\mathrm{2p} ou deve ocupar um orbital 2p\mathrm{2p} diferente? (Lembre-se de que existem três orbitais pp na subcamada, todos com a mesma energia.) Para responder essa questão, é preciso reconhecer que os elétrons estão mais longe um do outro e se repelem menos quando ocupam orbitais p\ce{p} diferentes do que quando ocupam o mesmo orbital. Portanto, o sexto elétron ocupa um dos orbitais 2p\mathrm{2p} vazios e o estado fundamental do carbono é 1s22s22px12py1\mathrm{1s^2 2s^2 2p_x^1 2p_y^1} C:  1s2    2s2    2p2 \ce{C}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2p^2} }{ \boxed{ \uparrow \hspace{5pt} }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \hspace{5pt} }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \phantom{\uparrow \downarrow} } } Os orbitais são representados desta forma somente quando é necessário enfatizar que os elétrons ocupam orbitais diferentes da mesma subcamada. Na maior parte das situações, a forma compacta, como em [He]2s22p2\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2 2p^2}, é suficiente. Observe que, no diagrama de orbitais, os dois elétrons 2p2p foram representados com spins paralelos (\uparrow\uparrow), para indicar que eles têm os mesmos números quânticos magnéticos de spin. Por razões baseadas na mecânica quântica, dois elétrons com spins paralelos tendem a se repelir. Portanto, esse arranjo tem energia ligeiramente menor do que a do arranjo com elétrons emparelhados. Entretanto, esse tipo de arranjo só é possível quando os elétrons ocupam orbitais diferentes.

Este procedimento é chamado de princípio da construção e pode ser resumido em duas regras. Para predizer a configuração do estado fundamental de um elemento com o número atômico ZZ e seus ZZ elétrons:

  1. Adicione ZZ elétrons, um após o outro, aos orbitais, na ordem da Fig. 1C.2.1, porém, não coloque mais de dois elétrons em um mesmo orbital.
  2. Se mais de um orbital em uma subcamada estiver disponível, adicione elétrons com spins paralelos aos diferentes orbitais daquela subcamada até completá-la, antes de emparelhar dois elétrons em um dos orbitais.
Ordem de preenchimento dos orbitais.
Figura 1C.2.1

A primeira regra leva em conta o princípio da exclusão de Pauli. A segunda regra é conhecida como regra de Hund, em homenagem ao espectroscopista alemão Friedrich Hund, que a propôs. Esse procedimento dá a configuração do átomo que corresponde à energia total mais baixa, levando em conta a atração dos elétrons pelo núcleo e a repulsão dos elétrons. Quando os elétrons de um átomo estão em estados de energia mais altos do que os preditos pelo princípio da construção, dizemos que o átomo está em um estado excitado. A configuração eletrônica [He]2s12p3\ce{[He]}\,\mathrm{2s^1 2p^3}, por exemplo, representa um ,estado excitado do átomo de carbono.

Um estado excitado é instável e emite um fóton quando o elétron retorna ao orbital que restabelece o estado de energia mínima do átomo.

Em geral, você deveria imaginar um átomo de qualquer elemento como um caroço de gás nobre rodeado pelos elétrons da camada de valência, a camada ocupada mais externa. A camada de valência é a camada ocupada com o maior valor de nn.

O nitrogênio tem Z=7Z = 7 e mais um elétron do que o carbono, o que dá [He]2s22p3\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2 2p^3}. Cada elétron pp ocupa um orbital diferente e os três têm spins paralelos: N:  1s2    2s2    2p3 \ce{N}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2p^3} }{ \boxed{ \uparrow \hspace{5pt} }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \hspace{5pt} }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \hspace{5pt} } } O oxigênio tem Z=8Z = 8 e mais um elétron do que o nitrogênio, logo, sua configuração é [He]2s22p4\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2 2p^4} e dois dos elétrons 2p\mathrm{2p} estão emparelhados: O:  1s2    2s2    2p4 \ce{O}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2p^4} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \hspace{5pt} }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \hspace{5pt} } } O flúor, por sua vez, com Z=9Z = 9, tem mais um elétron do que o oxigênio, e a configuração [He]2s22p5\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2 2p^5}, com um elétron desemparelhado. F:  1s2    2s2    2p5 \ce{F}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2p^5} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \downarrow }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \hspace{5pt} } } O neônio, com Z=10Z = 10, tem mais um elétron do que o flúor. Esse elétron completa a subcamada 2p\mathrm{2p}, levando a [He]2s22p6\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2 2p^6}: Ne:  1s2    2s2    2p6 \ce{Ne}: \; \underset{ \mathrm{1s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2s^2} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow } } \;\; \underset{ \mathrm{2p^6} }{ \boxed{ \uparrow \downarrow }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \downarrow }\hspace{-0.4pt}\boxed{ \uparrow \downarrow } } De acordo com a Figura 1, o próximo elétron ocupa o orbital 3s\mathrm{3s}, o orbital de menor energia na próxima camada. A configuração do sódio é, então, [He]2s22p63s1\ce{[He]}\,\mathrm{2s^2 2p^6 3s^1}, ou, de forma mais resumida, [Ne]3s1\ce{[Ne]} \mathrm{3s^1}, em que [Ne]\ce{[Ne]} é um caroço semelhante ao do neônio.

Exemplo 1C.2.1
Determinação da configuração eletrônica de um átomo no estado fundamental

Apresente a configuração eletrônica dos átomos no estado fundamental.

  1. Magnésio
  2. Alumínio
Etapa 2. (a) Adicione ZMg=12Z_{\ce{Mg}} = 12 elétrons, um após o outro, aos orbitais na ordem mostrada na Fig. 1C.2.1, mas não coloque mais de dois elétrons em um mesmo orbital.

Mg:[Ne]3s2 \ce{Mg}: \ce{[Ne]}\,\mathrm{ 3s^2 }

Etapa 3. (b) Adicione ZAl=13Z_{\ce{Al}} = 13 elétrons, um após o outro, aos orbitais na ordem mostrada na Fig. 1C.2.1, mas não coloque mais de dois elétrons em um mesmo orbital.

Al:[Ne]3s23p1 \ce{Al}: \ce{[Ne]}\,\mathrm{ 3s^2 3p^1 }

Os orbitais ss e pp da camada n=3n = 3 se completam no argônio, [Ne]3s23p6\ce{[Ne]}\,\mathrm{3s^2 3p^6}, um gás incolor, sem cheiro, não reativo, que lembra o neônio. A energia do orbital 4s\mathrm{4s} é ligeiramente menor do que a dos orbitais 3d\mathrm{3d}. Isso faz com que o próximo orbital a ser preenchido depois do 3 p\pu{3p} seja o 4s\mathrm{4s}. Então, as duas próximas configurações eletrônicas são [Ar]4s1\ce{[Ar]}\,\mathrm{4s^1} para o potássio e [Ar]4s2\ce{[Ar]}\,\mathrm{4s^2} para o cálcio, em que [Ar]\ce{[Ar]} representa um caroço semelhante ao do argônio, 1s22s22p63s23p6\mathrm{1s^2 2s^2 2p^6 3s^2 3p^6}. Neste ponto, entretanto, os orbitais 3d\mathrm{3d} começam a ser ocupados.

Em função da ordem do aumento da energia (Fig. 1C.2.1), os próximos 10 elétrons (do escândio, com Z=21Z = 21, até o zinco, com Z=30Z = 30) ocupam os orbitais 3d\mathrm{3d}. A configuração eletrônica do estado fundamental do escândio, por exemplo, é [Ar]3d14s2\ce{[Ar]}\,\mathrm{3d^1 4s^2}, e a de seu vizinho, o titânio, é [Ar]3d24s2\ce{[Ar]}\,\mathrm{3d^2 4s^2}. Observe que, a partir do escândio, os elétrons 4s\mathrm{4s} são escritos depois dos elétrons 3d\mathrm{3d}: assim que contiverem elétrons, os orbitais 3d\mathrm{3d} terão menor energia do que os orbitais 4s\mathrm{4s} (a mesma relação é verdadeira para os orbitais ndn\mathrm{d} e (n+1)s(n+1)\mathrm{s}). Essas diferenças em energia são resultado das complexidades causadas pela repulsão entre elétrons. Os elétrons são adicionados sucessivamente aos orbitais d\ce{d} à medida que ZZ aumenta. Entretanto, existem duas exceções: a configuração eletrônica experimental do cromo é [Ar]3d54s1\ce{[Ar]}\,\mathrm{3d^5 4s^1}, não [Ar]3d44s2\ce{[Ar]}\,\mathrm{3d^4 4s^2}, e a do cobre é [Ar]3d104s1\ce{[Ar]}\,\mathrm{3d^{10} 4s^1}, não [Ar]3d94s1\ce{[Ar]}\,\mathrm{3d^9 4s^1}. Essa discrepância aparente ocorre porque a configuração com a subcamada semipreenchida dX5\ce{d^5} e a configuração com a subcamada completa d10\mathrm{d^{10}}, segundo a mecânica quântica, têm energia mais baixa do que a indicada pela teoria simples. Como resultado, pode-se alcançar uma energia total mais baixa quando um elétron ocupa um orbital 3d\mathrm{3d}, em vez do orbital 4s\mathrm{4s} esperado, se esse arranjo completa uma meia subcamada ou uma subcamada completa.

Os elétrons só ocupam os orbitais 4p\mathrm{4p} se os orbitais 3d\mathrm{3d} estiverem completos. A configuração do germânio, [Ar]3d104s24p2\ce{[Ar]}\, \mathrm{3d^{10} 4s^2 4p^2}, por exemplo, é obtida pela adição de dois elétrons aos orbitais 4p\mathrm{4p} depois de completar a subcamada 3d\mathrm{3d}. O arsênio tem mais um elétron e a configuração é [Ar]3d104s24p3\ce{[Ar]}\,\mathrm{3d^{10} 4s^2 4p^3}.

O próximo da fila para ocupação é o orbital 5s\mathrm{5s}, seguido pelos orbitais 4d\mathrm{4d}. Nesse caso, a energia do orbital 4d\mathrm{4d} cai abaixo da energia do orbital 5s\mathrm{5s} após a acomodação de dois elétrons no orbital 5s\mathrm{5s}. Um efeito semelhante ocorre quando outro conjunto de orbitais internos, os orbitais 4f\mathrm{4f}, começa a ser ocupado. O cério, por exemplo, tem a configuração [Xe]4f15d16s2\ce{[Xe]}\,\mathrm{4f^1 5d^1 6s^2}. Os elétrons continuam a ocupar os sete orbitais 4f\mathrm{4f}, que se completam após a adição de 14 elétrons no itérbio, [Xe]4f146s2\ce{[Xe]} \mathrm{4f^{14} 6s^2}. Em seguida, os orbitais 5d\mathrm{5d} são ocupados. Os orbitais 6p\mathrm{6p} só são ocupados depois que os orbitais 6s\mathrm{6s}, 4f\mathrm{4f} e 5d\mathrm{5d} estão completos no mercúrio. O tálio, por exemplo, tem configuração [Xe]4f145d106s26p1\ce{[Xe]}\,\mathrm{4f^{14} 5d^{10} 6s^2 6p^1}. Existe uma série de discrepâncias aparentes na ordem de preenchimento dos orbitais 4f\mathrm{4f}. Essas discrepâncias aparentes ocorrem porque os orbitais 4f\mathrm{4f} e 5d\mathrm{5d} têm energias muito próximas. Na verdade, níveis de energia muito próximos são responsáveis pelo fato de aproximadamente um quarto dos elementos terem configurações eletrônicas que, de algum modo, se desviam dessas regras. Entretanto, para a maior parte dos elementos, elas são um guia útil e um bom ponto de partida para todos eles.

Exemplo 1C.2.2
Determinação da configuração eletrônica de um átomo pesado no estado fundamental

Apresente a configuração eletrônica dos átomos no estado fundamental.

  1. Vanádio
  2. Chumbo
Etapa 2. (a) Adicione ZV=23Z_{\ce{V}} = 23 elétrons, um após o outro, aos orbitais na ordem mostrada na Fig. 1C.2.1, mas não coloque mais de dois elétrons em um mesmo orbital.

V:[Ar]3d34s2 \ce{V}: \ce{[Ar]}\,\mathrm{ 3d^3 4s^2 }

Etapa 3. (b) Adicione ZPb=82Z_{\ce{Pb}} = 82 elétrons, um após o outro, aos orbitais na ordem mostrada na Fig. 1C.2.1, mas não coloque mais de dois elétrons em um mesmo orbital.

Pb:[Xe]4f145d106s26p2 \ce{Pb}: \ce{[Xe]}\,\mathrm{ 4f^{14} 5d^{10} 6s^2 6p^2 }

A configuração eletrônica do estado fundamental de um átomo é predita usando o princípio da construção (junto com a Figura 3), o princípio da exclusão de Pauli e a regra de Hund.