A entropia foi apresentada como uma medida da desordem molecular. Mas o que isso quer dizer? Existe uma maneira mais precisa de expressar este conceito? Em 1877, o físico austríaco Ludwig Boltzmann propôs uma definição alternativa para a entropia, que aprofundou a compreensão científica sobre o significado da entropia em nível molecular. Além disso, a fórmula desenvolvida por Boltzmann permite calcular a entropia propriamente dita em vez de meramente deduzir a variação do seu valor. A fórmula de Boltzmann para a entropia é em que é a constante de Boltzmann. A quantidade é o número de arranjos que os átomos ou moléculas de uma amostra podem assumir com a mesma energia total. Cada arranjo das moléculas da amostra é um estado diferente, chamado de microestado. Logo, é igual ao número de microestados diferentes que correspondem à mesma energia. Um microestado normalmente dura apenas um instante.
Assim, quando medimos as propriedades do sistema estamos medindo uma média de todos os microestados que o sistema ocupou durante a medida. A entropia calculada a partir da fórmula de Boltzmann é chamada de entropia estatística.
Como a entropia é uma medida da desordem e é possível imaginar um estado perfeitamente ordenado da matéria, sem desordem posicional e, em , sem desordem térmica. Este estado representa um zero natural de entropia, isto é, um estado de ordem perfeita, portanto, é possível estabelecer uma escala absoluta de entropia. A terceira lei da termodinâmica resume esta ideia:
O cristal perfeito do enunciado da terceira lei refere-se a uma substância na qual todos os átomos estão em um arranjo perfeitamente ordenado, logo, não ocorre desordem posicional e . Quando a temperatura se aproxima de zero, ou seja, na ausência de movimento térmico, a desordem térmica também cessa. Quando a temperatura de uma substância sobe acima de zero, mais orientações tornam-se disponíveis para as moléculas e a desordem térmica aumenta. Logo, a entropia de uma substância é maior do que zero acima de .
A constante de Boltzmann relaciona a entropia de uma substância ao número de arranjos de moléculas que resultam na mesma energia.
A interpretação molecular da entropia explica por que algumas substâncias têm entropias molares elevadas enquanto outras têm entropias molares baixas. Comparemos, por exemplo, a entropia molar do diamante, , com a do chumbo, , muito maior. A baixa entropia do diamante é a esperada de um sólido com ligações rígidas. Na temperatura normal, os átomos não são capazes de se agitar tanto quanto os átomos de chumbo. Além disso, os átomos de chumbo são muito mais pesados do que os átomos de carbono e têm mais níveis vibracionais de energia termicamente acessíveis.
As entropias padrão molares aumentam quando a complexidade de uma substância aumenta.
A entropia de um sistema varia quando ocorre uma reação química. Em alguns casos, podemos predizer o sinal da variação de entropia de um sistema sem recorrer ao cálculo. Por exemplo, o aumento da quantidade de gás, geralmente, leva a uma variação positiva de entropia. Em contrapartida, o consumo de gás normalmente resulta em variação negativa. Reações que produzem um grande número de moléculas pequenas e a dissolução de uma substância levam, em geral, a entropias positivas. Entretanto, as variações da entropia de muitas reações são muito equilibradas. Nesses casos, é preciso usar dados numéricos para calcular o sinal da variação da entropia do sistema. Naturalmente, dados numéricos devem sempre ser usados no cálculo dos valores reais.
Considere as reações a seguir.
Determine o sinal da entropia das reações.
Para calcular a variação de entropia que acompanha uma reação, você precisa conhecer as entropias molares de todas as substâncias que dela participam. Com isso você conseguirá calcular a diferença entre as entropias dos produtos e dos reagentes. Mais especificamente, a entropia padrão de reação, , é a diferença entre as entropias padrão molares dos produtos e dos reagentes: O primeiro termo da soma, à direita, é a entropia padrão molar dos produtos e o segundo, a dos reagentes. Em cada caso, a entropia padrão molar de uma substância é multiplicada por sua quantidade (em mols) tal qual dada pelo coeficiente estequiométrico na equação química.
Evite o erro de igualar a zero as entropias dos elementos, como você faria para as entalpias de formação:
Considere a reação de síntese da amônia
Calcule a variação de entropia da reação em .
De logo,
A entropia padrão de reação é a diferença entre a entropia padrão molar dos produtos e a dos reagentes.