Como os equilíbrios físicos, todos os equilíbrios químicos são dinâmicos. Dizer que o equilíbrio químico é dinâmico significa dizer que, quando uma reação atingiu o equilíbrio, as reações direta e inversa continuam a ocorrer, mas os reagentes e os produtos estão sendo consumidos e recuperados com a mesma velocidade. O resultado é que a composição da mistura de reação permanece constante. Do ponto de vista termodinâmico, no equilíbrio não existe a tendência de formar mais reagentes ou mais produtos.
A reversibilidade das reações
Algumas reações, como a reação explosiva entre o hidrogênio e o oxigênio, parecem se completar, mas outras aparentemente param em um estágio inicial. Por exemplo, considere a reação que ocorre quando nitrogênio e hidrogênio são aquecidos sob pressão na presença de uma pequena quantidade de ferro: NX2(g)+3HX2(g)Fe2NHX3(g) No início, a reação produz amônia rapidamente, mas depois parece parar (Fig. 3F.1.1). Como o gráfico mostra, mesmo que você espere um longo tempo, não mais ocorrerá formação de produto. O que realmente acontece quando a formação da amônia parece parar é que a velocidade da reação inversa, 2NHX3(g)FeNX2(g)+3HX2(g) aumenta à medida que mais amônia se forma. A reação atinge o equilíbrio quando a amônia se decompõe na mesma velocidade em que é formada. O estado de equilíbrio dinâmico é expresso, como na discussão sobre equilíbrios físicos, substituindo a seta da equação pelos arpões que indicam o equilíbrio: NX2(g)+3HX2(g)Fe2NHX3(g)
Os equilíbrios dinâmicos são equilíbrios ativos, no sentido de reagirem a mudanças de temperatura e pressão e à adição ou remoção de uma quantidade de reagente, por menor que seja.
Ponto para pensar
Você pode pensar em um experimento que mostre que um equilíbrio químico é dinâmico? Pense em usar isótopos radioativos.
Uma reação que não está ocorrendo (como a mistura de hidrogênio e oxigênio na temperatura e pressão normais) tem uma composição que não responde a pequenas mudanças das condições e, portanto, não está em equilíbrio.
As reações químicas atingem um estado de equilíbrio dinâmico no qual a velocidade das reações direta e inversa é a mesma e não há mudança de composição.
O equilíbrio e a lei da ação das massas
Em 1864, os noruegueses Cato Guldberg e Peter Waage descobriram a relação matemática que sumaria a composição de uma mistura de reação em equilíbrio. Como um exemplo do trabalho deles, considere a reação entre SOX2 e OX2: 2SOX2(g)+OX2(g)2SOX3(g) Diversas misturas dos três gases com composições iniciais diferentes foram preparadas e atingiram o equilíbrio em 1000K.
A composição das misturas no equilíbrio e a pressão total, P, foram determinadas. Guldberg e Waage notaram uma relação extraordinária. Eles descobriram que o valor da quantidade: K=(P∘PSOX2)2(P∘POX2)(P∘PSOX3)2 era a mesma em todos os experimentos, independentemente das composições iniciais. Aqui, PX é a pressão parcial do gás X no equilíbrio e P∘=1bar é a pressão padrão.
Atenção
Observe que Knão tem unidades, porque as unidades de PX são canceladas pelas unidades de P∘ em todos os termos.
Deste ponto em diante, essa expressão será escrita de forma mais simples, como: K=(PSOX2)2POX2(PSOX3)2 em que PX é tomado como o valor numérico da pressão parcial de X em bar. Guldberg e Waage obtiveram o mesmo valor de K no equilíbrio para todas as composições iniciais da mistura de reação. Esse importante resultado mostra que K é característico da composição da mistura de reação no equilíbrio, em uma dada temperatura. K é a constante de equilíbrio da reação.
Os equilíbrios em fase gasosa
A lei de ação das massas resume esse resultado. Para uma reação entre gases ideais, a constante K é característica da reação em uma dada temperatura: aA(g)+bB(g)cC(g)+dD(g)K=(PA)a(PB)b(PC)c(PD)d em que PX representa os valores numéricos das pressões parciais (em bar) no equilíbrio. Observe que:
Os produtos aparecem no numerador e os reagentes, no denominador.
Cada valor de pressão parcial é elevado a uma potência igual ao coeficiente estequiométrico da equação química.
Os equilíbrios com líquidos e sólidos
Os equilíbrios químicos em que todos os reagentes e produtos estão na mesma fase são chamados de equilíbrios homogêneos. Os equilíbrios em sistemas com mais de uma fase são chamados de equilíbrios heterogêneos. Um exemplo é a reação de decomposição do carbonato de cálcio: CaCOX3(s)CaO(s)+COX2(g)K=PCOX2 Esse equilíbrio é heterogêneo, já que existe uma fase gás e uma fase sólida. Ainda que CaCOX3(s) e CaO(s) participem do equilíbrio eles não aparecem na expressão da constante de equilíbrio.
Os líquidos puros ou os sólidos não devem aparecer em K.
Os equilíbrios em solução
Uma medida diferente de concentração é usada para escrever as expressões das constantes de equilíbrio de reações que envolvem espécies em solução. Assim, para uma substância X que forma uma solução ideal, a pressão parcial na expressão de K é substituída pela molaridade [X] relativa à molaridade-padrão c∘=1mol⋅L−1. CHX3Br(aq)+OHX−(aq)CHX3OH(aq)+BrX−(aq)K=[CHX3Br][OHX−][CHX3OH][BrX−] Embora K devesse ser escrito em termos da razão sem dimensões [X]/c∘, é comum escrever K em termos somente de [X] e interpretar cada [X] como a concentração sem as unidades mol⋅L−1.
Algumas reações em solução envolvem o solvente como reagente ou produto. Quando a solução é muito diluída, a variação de concentração do solvente em virtude da reação é insignificante: CX12HX22OX11(aq)+HX2O(l)2CX6HX12OX6(aq)K=[CX12HX22OX11][CX6HX12OX6]X2
O solvente é tratado como um líquido puro e ignorado ao escrever K.
Um último ponto a considerar é que, quando uma reação envolve compostos iônicos completamente dissociados em solução. As concentrações dos íons espectadores se cancelam e não aparecem na expressão do equilíbrio. Por exemplo, para a reação: HCl(aq)+NaOH(aq)NaCl(s)+HX2O(l) A constante de equilíbrio deve ser escrita para a reação iônica simplificada como: HX+(aq)+OHX−(aq)HX2O(l)K=[HX+][OHX−]
A constante de equilíbrio deve ser escrita para a equação iônica simplificada, usando a atividade de cada tipo de íon.
A atividade química
Essas regras empíricas podem ser resumidas pela introdução do conceito de atividade, aX, de uma substância X (Tab. 3F.1.1). O uso de atividades facilita escrever uma expressão geral para a constante de equilíbrio de qualquer reação. Para uma reação generalizada, sem identificar as fases: aA+bBcC+dDK=(aA)a(aB)b(aC)c(aD)d Note que todas as atividades são números puros e, portanto, não têm unidades. Quando usamos a forma simplificada da constante de equilíbrio, a atividade é o valor numérico da pressão em bars ou o valor numérico da concentração molar em mols por litro. Como as atividades são adimensionais, K também é.
Tabela 3F.1.1
Atividades químicas
Substância
Atividade
Simplificado
gás ideal
aX=PX/P∘
aX=PX
soluto diluído
aX=[X]/c∘
aX=[X]
solvente
aX=1
aX=1
sólido ou líquido
aX=1
aX=1
As constantes de equilíbrio das reações heterogêneas também são dadas pela expressão geral da Eq. 3F.1.2. Porém, lembre que a atividade dos sólidos ou dos líquidos puros é 1. Por exemplo, para a reação: Ca(OH)X2(s)CaX2+(aq)+2OHX−(aq) A constante de equilíbrio é: K=1 para um soˊlido puroaCaO(OH)X2aCaX2+(aOHX−)2=[CaX2+][OHX−]X2 É importante observar que o hidróxido de cálcio tem de estar presente para que o equilíbrio se estabeleça, mas ele não aparece na expressão da constante de equilíbrio.
Exemplo 3F.1.1
Expressão da constante de equilíbrio
Escreva a expressão da constante de equilíbrio das reações:
NX2(g)+3HX2(g)2NHX3(g)
Ni(s)+4CO(g)Ni(CO)X4(g)
NaF(aq)+HX2O(l)HF(aq)+NaOH(aq)
Zn(s)+2HCl(aq)ZnClX2(aq)+HX2(g)
Etapa 2.(a) Escreva a constante de equilíbrio em fase gasosa.
Etapa 3.(b) Escreva a constante de equilíbrio heterogêneo.
K=aNi(aCO)4aNi(CO)X4=(PCO)4PNi(CO)X4
Etapa 4.(c) Escreva a constante de equilíbrio para a reação iônica simplificada.
K=aFX−aHX2OaHFaOHX−=[FX−][HF][OHX−]
Etapa 5.(d) Escreva a constante de equilíbrio heterogêneo para a reação iônica simplificada.
K=(aHX+)2aZnaHX2aZnX2+=[HX+]2PHX2[ZnX2+]
Cada reação tem sua constante de equilíbrio característica, com um valor que só pode ser alterado pela variação da temperatura. O resultado empírico extraordinário, que será explicado nas próximas duas seções, é que, independentemente da composição inicial de uma mistura de reação, a composição tende a se ajustar até que as atividades levem ao valor característico de K daquela reação, naquela temperatura.
A composição de uma mistura de reação no equilíbrio é descrita pela constante de equilíbrio.
A descrição termodinâmica do equilíbrio
A explicação termodinâmica da forma das constantes de equilíbrio é uma aplicação muito importante da termodinâmica. A explicação é baseada na energia livre de Gibbs e no critério de equilíbrio, que diz que, com temperatura e pressão constantes, ΔG=0 (Fig. 3F.1.2).
O valor de ΔGr em um determinado ponto da reação é a diferença entre a energia livre de Gibbs molar dos produtos e dos reagentes nas pressões parciais ou concentrações que eles têm naquele ponto: ΔGr=produtos∑nrGm−reagentes∑nrGm As energias livres de Gibbs molares Gm dos reagentes e produtos mudam durante o curso da reação porque, quando somente os reagentes estão presentes, cada molécula é cercada por moléculas de reagentes, mas, quando os produtos se formam, o ambiente de cada molécula também é alterado. Como todos os valores de Gm mudam, ΔGr varia com o andamento da reação.
Vimos no Tópico 2D que a energia livre de Gibbs molar de um gás ideal, X, está relacionada à pressão parcial, PX, por: Gm,X=Gm,X∘+RTln(P∘PX) Argumentos termodinâmicos (que não serão reproduzidos aqui) mostram que uma expressão semelhante se aplica a solutos e substâncias puras. Em cada caso, podemos escrever a energia livre de Gibbs molar de uma substância X em função de sua atividade como: Gm,X=Gm,X∘+RTlnaX A energia livre de Gibbs da reação varia com as atividades (pressões parciais de gases ou molaridades de solutos) dos reagentes e produtos. O valor de ΔGr em qualquer ponto da reação pode ser expresso a partir da composição da mistura de reação naquele ponto.
Demonstração 3F.1.1
Relação entre energia livre de reação e composição
Para encontrar a expressão de ΔGr∘ da reação aA+bBcC+dD Insira a Eq. 3F.1.3 para cada substância na Eq. 3F.1.5: ΔGr=={cGm,C+dGm,Dprodutos}−{aGm,A+bGm,Breagentes}{c[Gm,C∘+RTlnaC]+d[Gm,D∘+RTlnaD]}+{a[Gm,A∘+RTlnaA]−b[Gm,B∘+RTlnaB]} A combinação dos termos de energia livre leva à energia livre de Gibbs padrão da reação, ΔGr∘: ΔGr={cGm,C∘+dGm,D∘−aGm,A∘−bGm,B∘ΔGr∘}+RT{(clnaC+dlnaD)−(alnaA+blnaB)} Logo, arrumando os quatro termos logarítmicos: ΔGr=ΔGr∘+RTln(aA)a(aB)b(aC)c(aD)d
A expressão demonstrada acima pode ser escrita em função do quociente de reação, QΔGr=ΔGr∘+RTlnQem queQ=(aA)a(aB)b(aC)c(aD)d A expressão de Q tem a mesma forma da expressão de K, mas as atividades referem-se a qualquer estágio da reação.
No equilíbrio, as atividades de todas as substâncias que participam da reação estão em seu valor de equilíbrio. Neste ponto, a expressão de Q (em que as atividades estão em seu valor de equilíbrio) torna-se igual à constante de equilíbrio, K, da reação. No equilíbrio, Q=K. A forma de K é uma consequência direta da Eq. 3F.1.5, que mostra como a energia livre de Gibbs de uma substância depende de sua composição e é simplesmente o valor de Q quando todas as espécies estão em seus valores de equilíbrio.
Segue, da Eq. 3F.1.6, que, no equilíbrio, ΔGr=0, logo: ΔGr∘=−RTlnK Essa equação fundamentalmente importante liga as quantidades termodinâmicas e a composição de um sistema em equilíbrio.
O que esta equação revela?
Se ΔGr∘ é negativo, lnK deve ser positivo e, portanto, K>1. Os produtos são favorecidos no equilíbrio.
Se ΔGr∘ é positivo, lnK deve ser negativo e, portanto, K<1. Os reagentes são favorecidos no equilíbrio.
Agora você tem os elementos necessários para perceber por que algumas reações têm constantes de equilíbrio muito altas e, outras, muito baixas: ΔGr∘=ΔHr∘−TΔSr∘
Uma reação endotérmica provavelmente terá K<1 e não formará uma grande quantidade de produto. Somente se ΔSr∘ for grande e positivo, de forma que o fator seja grande, podemos esperar K>1 para uma reação endotérmica.
Inversamente, se uma reação é fortemente exotérmica, ΔHr∘ é grande e negativo. Portanto, você pode esperar que K>1 e que os produtos sejam favorecidos.
Atenção
Um catalisador dá um percurso de energia reduzida entre reagentes e produtos. Como a adição do catalisador não altera o ΔGr∘, a constante de equilíbrio permanece inalterada.
Exemplo 3F.1.2
Cálculo de K a partir da energia livre de Gibbs padrão de reação
Em 25°C, a reação HX2(g)+IX2(g)2HI(g) tem energia livre de Gibbs padrão ΔGr∘=+3,4kJ⋅mol−1.
Calcule a constante de equilíbrio da reação.
Etapa 2.
Calcule a constante de equilíbrio.
De lnK=−ΔGr∘/RTlnK=−(8,3K⋅molJ)×(298K)3,4⋅103molJ=−1,4 Logo, K=e−1,4=0,25 Como esperado, a constante de equilíbrio é inferior a 1.
O quociente de reação, Q, tem a mesma forma de K, a constante de equilíbrio, exceto que Q usa as atividades obtidas em um ponto arbitrário da reação. A constante de equilíbrio está relacionada com a energia livre de Gibbs padrão de reação por ΔGr∘=−RTlnK.
As formas alternativas da constante de equilíbrio
O equilíbrio dinâmico atingido na síntese da amônia pode ser expresso de diversas maneiras: NX2(g)+3HX2(g)2NHX3(g) ou 4NHX3(g)2NX2(g)+6HX2(g) Cada versão gera um valor diferente de K. Talvez exista uma boa razão para escolher uma versão e não a outra e, então, é necessário converter um valor tabulado para uma versão em um valor para a versão necessária.
Os múltiplos da equação química
As potências a que são elevadas as atividades na expressão das constantes de equilíbrio devem ser iguais aos coeficientes estequiométricos da equação química, normalmente escritos com os menores coeficientes estequiométricos inteiros. Portanto, se os coeficientes estequiométricos de uma equação química forem multiplicados por um fator, então a constante de equilíbrio deve refletir essa mudança. Por exemplo, em 500K,HX2(g)+IX2(g)2HI(g)K1=PHX2PIX2(PHI)2=160 Suponha que a equação original da reação seja multiplicada por dois: 2HX2(g)+2IX2(g)4HI(g)K2 Nesse caso, a expressão da constante de equilíbrio torna-se: K2=(PHX2)2(PIX2)2(PHI)4=K12=1602
Se uma equação química é multiplicada por um fator N, K é elevado à N-ésima potência.
A equação original da reação pode ser invertida: 2HI(g)HX2(g)+IX2(g)K3 Essa equação ainda descreve o mesmo equilíbrio, mas escrevemos sua constante de equilíbrio como: K3=(PHI)2PHX2PIX2=K11=1601
A constante de um equilíbrio para uma direção é o inverso da constante do equilíbrio da equação escrita na direção oposta.
Como esses exemplos mostram, é importante especificar a equação química a que a constante de equilíbrio se refere.
As equações compostas
Em alguns casos, uma equação química pode ser expressa como a soma de duas ou mais equações químicas. Por exemplo, considere as três reações em fase gás: 2P(g)+3ClX2(g)PClX3(g)+ClX2(g)2P(g)+5ClX2(g)2PClX3(g)PClX5(g)2PClX5(g)K1=(PP)2(PClX2)3(PPClX3)2K2=PPClX3PClX2PPClX3K3=(PP)2(PClX2)5(PPClX3)2 A terceira reação é a soma das duas primeiras reações (a segunda foi multiplicada pelo fator 2): 2P(g)+3ClX2(g)2PClX3(g)+2ClX2(g)2P(g)+5ClX2(g)2PClX3(g)2PClX5(g)2PClX5(g) e a constante de equilíbrio, K3, da reação global pode ser escrita como o produto das constantes de equilíbrio das duas reações que, somadas, dão a reação global. K3=(PP)2(PClX2)5(PPClX3)2=(PP)2(PClX2)3(PPClX3)2K1×(PP)2(PClX2)2(PPClX3)2K22=K1K22
A constante de equilíbrio para uma reação total é o produto das constantes de equilíbrio das reações parciais.
As concentrações molares dos gases
A constante de equilíbrio é definida em termos das atividades, e estas são interpretadas em termos das pressões parciais dos gases ou das concentrações molares dos solutos. aA+bBcC+dDK=(aA)a(aB)b(aC)c(aD)d Os gases sempre aparecem em K como os valores numéricos de suas pressões parciais em bar, e os solutos em uma fase condensada sempre aparecem como os valores numéricos de suas concentrações molares em litros.
Nota de boa prática
Em alguns casos, você encontrará uma constante de equilíbrio escrita como KP para lembrá-lo de que ela está expressa em termos de pressões parciais. O subscrito P, entretanto, é desnecessário porque, por definição, as constantes de equilíbrio de reações em fase gás são expressas em termos de pressões parciais.
No entanto, muitas vezes os equilíbrios em fase gasosa precisam ser discutidos em termos de concentrações molares, não pressões parciais, especialmente em áreas da química como a cinética e a química atmosférica. Portanto, a constante de equilíbrio Kc é expressa como: Kc=[A]Xa[B]Xb[C]Xc[D]Xd com cada concentração molar elevada a uma potência igual ao coeficiente estequiométrico da espécie correspondente na equação química. Por exemplo para o equilíbrio na síntese da amônia, NX2(g)+3HX2(g)2NHX3(g)Kc=[NX2][HX2]X3[NHX3]X2
Atenção
Você pode escolher K ou Kc para expressar a constante de equilíbrio de uma reação. Contudo, é importante lembrar que os cálculos de uma constante de equilíbrio a partir de dados termodinâmicos dão K, não Kc.
Em alguns casos, você precisa conhecer Kc após ter calculado K a partir de dados termodinâmicos e, por isso, precisa também saber converter as duas constantes uma na outra.
Demonstração 3F.1.2
Relação entre K e Kc
O ponto de partida é a forma completa da Eq. 3F.1.1: K=(PC/P∘)c(PD/P∘)d(PA/P∘)a(PB/P∘)b A concentração molar de cada gás é [X]=nX/V. Para um gás ideal, a lei dos gases ideais, PXV=nXRT, pode ser rearranjada para mostrar as concentrações de forma explícita: PX=VnXRT=RT×(VnX)=RT[X] Quando essa expressão é substituída para cada gás na expressão de K, ela se torna K=[A]Xa[B]Xb[C]Xc[D]Xd(P∘RT)(c+d)−(a+b) Neste ponto, observe que Kc, Eq. 3F.1.8, na forma completa pode ser escrita como (com c∘ mostrado): Kc=([A]/c∘)a([B]/c∘)b([C]/c∘)c([D]/c∘)d Quando essa expressão é inserida na expressão de K,K=Kc(P∘c∘RT)(c+d)−(a+b)
Uma boa maneira de lembrar a forma geral da expressão que acabamos de derivar e outras semelhantes é escrevê-la como K=Kc(P∘c∘RT)Δnr, gaˊs(10a) em que Δnr, gaˊs é a variação (adimensional) dos coeficientes estequiométricos para as espécies na fase gás na reação química. Se nenhum gás participa da reação ou os números de moléculas de gás são idênticos nos dois lados da equação química, então Δnr, gaˊs=0 e K=Kc. A mesma relação acontece entre Q e Qc, o quociente da reação em termos de concentrações.
Como a pressão padrão é P∘=1atm e a concentração padrão é c∘=1mol⋅L−1, a Eq. 3F.1.9 pode ser expressa de forma mais simples como: K=Kc(0,082×T)Δnr, gaˊs em que T é o valor da temperatura em Kelvin.
Exemplo 3F.1.3
Conversão entre K e Kc
Em 400°C, a reação: 2SOX2(g)+OX2(g)2SOX3(g) tem constante de equilíbrio K=3⋅104.
Calcule o valor de Kc para essa reação em 400°C.
Etapa 2.
Calcule a variação dos coeficientes estequiométricos para as espécies na fase gás na reação.
Δnr, gaˊs=2−(2+1)=−1
Etapa 3.
Calcule a constante de equilíbrio Kc.
De K=Kc(RT)Δnr, gaˊsKc=(3⋅104)×(0,082×673)−(−1)=1,7⋅106
No caso de cálculos termodinâmicos, os equilíbrios em fase gás são expressos em termos de K. No caso de cálculos práticos, porém, eles podem ser expressos em termos de concentrações molares.